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Dia Mundial do Diabetes: informar e desmistificar é preciso

Entenda o que é diabetes, os tipos existentes, fatores de risco, sintomas mais comuns e como prevenir e tratar essa condição crônica com qualidade de vida.

14 de Novembro de 2023

Mãos usando luvas azuis para realizar um teste de glicemia no dedo de uma pessoa, com um glicosímetro em primeiro plano, simbolizando a medição de diabetes.

Data visa conscientizar sobre o diabetes, seus riscos e a importância da prevenção e tratamento para o controle da doença

 
“Ficou doente porque comeu doces demais” é uma das frases que o diabético mais costuma ouvir, porém não é bem por aí. Muito do que se pensa ou diz sobre a doença é fruto da desinformação ou de crenças ultrapassadas que erroneamente resistem. Para esclarecer essa e demais questões, em 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes. Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Federação Internacional de Diabetes (IDF), a data visa conscientizar a população por meio da divulgação de informações precisas sobre a patologia, bem como suas causas, riscos e tratamento adequado.  
 
Em outras palavras, se você recebeu o diagnóstico ou conhece alguém que esteja passando por isso, sabemos que a princípio o baque é grande pelo fato de, por enquanto, não haver cura (o que é assustador). Contudo, em primeiro lugar, não se deixe levar por qualquer coisa que se lê na internet, pois na maioria das vezes trata-se de achismos sem comprovação científica. Ou seja, é preciso filtrar o conteúdo a respeito de modo a não cair em sites alarmistas. Em segundo lugar e mais importante, saber que o diabetes pode ser controlado levando, inclusive, a uma melhora na saúde do paciente como um todo é a garantia de um futuro com qualidade de vida e flexibilidade de escolhas.  
 
Como forma de participar ativamente deste movimento em prol de hábitos saudáveis e mais longevidade, hoje vamos esclarecer os principais tópicos a respeito do diabetes. Afinal, são quase 17 milhões de pessoas, entre 20 e 79 anos, diagnosticadas no Brasil, o que leva a crer o quanto tem se tornado comum por aqui - o país é o quinto no ranking mundial, atrás apenas de Estados Unidos, China, Índia e Paquistão.
 
Para evitar o surgimento de problemas que, sem atendimento médico especializado, resultam em diversas outras comorbidades, atualmente existem terapias e medicamentos, como a própria insulina, capazes de proporcionar uma rotina praticamente normal ao diabético. Ao longo deste post, reunimos esclarecimentos e dicas valiosas. Confira!  
 
O que é o diabetes
 
O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome metabólica de origem múltipla. Isto é, nem sempre se consegue determinar exatamente o que a desencadeou. Ela é resultado da falta de insulina que eleva os níveis de açúcar no sangue. Ao deixar de ser produzida naturalmente pelo pâncreas, a capacidade do organismo de agir da forma adequada na manutenção do metabolismo se altera. Por consequência, o corpo se torna incapaz de controlar os níveis de glicose, levando a um estado de hiperglicemia permanente.  
 
Para não restar dúvidas, vamos entender como o pâncreas funciona. O órgão, localizado atrás do estômago, produz alguns hormônios indispensáveis para nosso sistema digestivo. Em condições rotineiras, quando o nível de glicose no sangue sobe, células especiais, chamadas beta, produzem insulina. Assim, de acordo com as nossas necessidades no momento, é possível determinar se essa glicose vai ser utilizada como combustível para as atividades ou será armazenada como reserva em forma de gordura. Isso faz com que a taxa de glicemia volte ao normal, o que não ocorre no caso dos diabéticos. 

De acordo com o Ministério da Saúde, se não tratada, o diabetes provoca diversas complicações, como problemas neurológicos, na visão, rins, pés e pernas, além de acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocárdio. Diante disso, medir a glicemia, aplicar insulina, diminuir o consumo de doces e carboidratos e fazer exercícios físicos são ações que devem fazer parte do cotidiano de quem tem diabetes.  

Fatores de risco para o diabetes
 
Antes de se tornar uma condição permanente, o diabetes conta com fatores de risco para seu surgimento.
  • Diagnóstico de pré-diabetes;
  • Pressão alta;
  • Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
  • Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura - que nas mulheres deve ser inferior a 80 cm e nos homens a 102 cm;
  • Pais, irmãos ou parentes próximos com diabetes;
  • Doenças renais crônicas;
  • Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
  • Diabetes gestacional;
  • Síndrome de ovários policísticos;
  • Diagnóstico de distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar;
  • Apneia do sono;
  • Uso de medicamentos da classe dos glicocorticóides. 

Tipos de diabetes

Embora todos tenham origem no pâncreas, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) ressalta que existem mais de um tipo de diabetes. Saiba mais sobre cada um deles a seguir. 

Diabetes tipo 1

O diabetes tipo 1, que concentra entre 5% e 10% do total de casos, aparece geralmente na infância, adolescência e início da fase adulta. Em resumo, o sistema imunológico ataca equivocadamente as células beta. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Como resultado, a glicose fica no sangue ao invés de ser usada como energia. Para controlar a situação, é sempre tratada com insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas. 

Sintomas do diabetes tipo 1:

  • Fome frequente;
  • Sede constante;
  • Vontade de urinar diversas vezes ao dia;
  • Perda de peso;
  • Fraqueza;
  • Fadiga;
  • Mudanças de humor;
  • Náusea e vômito. 


Tratamento do diabetes tipo 1:

  • Injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores considerados normais;
  • Para essa medição, é aconselhável ter em casa um aparelho chamado glicosímetro, que será capaz de medir a concentração exata de glicose no sangue;
  • Insulinoterapia, que consiste na administração de insulina por via subcutânea (por baixo da pele);
  • Não existem comprimidos de insulina, uma vez que os ácidos do estômago a destroem evitando a absorção. 

Diabetes tipo 2

Já o diabetes tipo 2, presente em 90% dos diagnósticos, aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina ou não produz o suficiente para controlar a taxa de glicemia. O que chama atenção é o fato dessa variação apresentar uma característica peculiar: ela costuma ser assintomática e as manifestações ocorrem por volta dos 40 anos.

Além disso, possui evolução lenta dos sintomas e possibilidade de complicações tardias, tais como renais, oftalmológicas e neuropáticas. Ocorre principalmente em quem está com excesso de peso, mantém comportamento sedentário e hábitos alimentares não saudáveis, bem como possui histórico familiar.

Sintomas do diabetes tipo 2:

  • Fome frequente;
  • Sede constante;
  • Formigamento nos pés e mãos;
  • Vontade de urinar diversas vezes;
  • Infecções frequentes na bexiga, rins e pele;
  • Feridas que demoram para cicatrizar;
  • Visão embaçada.
  • Tratamento do diabetes tipo 2:
  • Inibidores da alfaglicosidase: impedem a digestão e absorção de carboidratos no intestino;
  • Sulfonilureias: estimulam a produção pancreática de insulina pelas células;
  • Glinidas: agem estimulando a produção de insulina pelo pâncreas.

Diabetes gestacional

Durante a gravidez, para permitir o desenvolvimento do feto, a mulher passa por mudanças em seu equilíbrio hormonal. A placenta, por exemplo, é uma fonte de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas, por sua vez, aumenta a produção para compensar este quadro.

Em algumas mulheres, o processo não ocorre e elas desenvolvem o diabetes gestacional que, nem sempre, dá sinais. Por isso, recomenda-se que todas as gestantes pesquisem, a partir da 24ª semana de gravidez (início do 6º mês), como está a glicose em jejum e, em seguida, a glicemia após estímulo - o chamado teste oral de tolerância à glicose.

Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose no ambiente intrauterino, há maior risco de crescimento excessivo (macrossomia fetal) e, consequentemente, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até obesidade e diabetes anos mais tarde.

Principais fatores de risco do diabetes gestacional:

  • Idade materna mais avançada;
  • Ganho de peso excessivo durante a gestação;
  • Sobrepeso ou obesidade;
  • Síndrome dos ovários policísticos;
  • História prévia de bebês grandes (mais de 4 kg) ou de diabetes gestacional;
  • História familiar de diabetes em parentes de 1º grau (pais e irmãos);
  • História de diabetes gestacional na mãe da gestante;
  • Hipertensão arterial na gestação;
  • Gestação múltipla (gravidez de gêmeos).

Pré-diabetes

De acordo com a SBD, a maioria das pessoas não sabe o que é pré-diabetes. Uma pesquisa feita pela entidade, em parceria com o laboratório farmacêutico Abbott, aponta que apenas 30% dos diabéticos tinham conhecimento sobre essa condição. Seja como for, o termo é utilizado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos que o normal, mas não o suficiente para ser diagnosticado como diabetes. Ademais, é crucial destacar que 50% dos pacientes nesse estágio “pré” vão desenvolver a doença.

Para os médicos, quem se encontra nessa etapa está diante de uma oportunidade única pelo fato de poder ser revertida. Já imaginou se o corpo humano contasse com um sistema de alarme que dispara quando o risco de desenvolver uma doença aumenta? Não seria uma chance de mudar os planos? Pois é exatamente o que o pré-diabetes faz, ele é o alerta de que as coisas precisam mudar antes do surgimento de problemas mais graves. Para se ter uma ideia da relevância, é o único momento que permite retardar a evolução para o diabetes e suas complicações.

Assim como o diabetes tipo 2, o pré-diabetes costuma chegar à vida sem que se perceba. Ter consciência dos riscos e buscar o diagnóstico é importante, especialmente se o pré-diabetes for parte do que nós chamamos de ‘síndrome metabólica’.

Principais fatores de risco do pré-diabetes:

  • Pressão alta;
  • Alto nível de LDL (“mau” colesterol) e triglicérides;
  • Baixo nível de HDL (“bom” colesterol);
  • Sobrepeso, principalmente se a gordura se concentrar em torno da cintura.
  • Sintomas do pré-diabetes:
  • Fome frequente;
  • Sede intensa;
  • Desânimo;
  • Fraqueza;
  • Sonolência;
  • Tontura;
  • Perda de peso;
  • Urina em excesso;
  • Dificuldade na cicatrização de feridas;
  • Infecções frequentes.

Como prevenir o diabetes

A educação sobre o diabetes é uma ferramenta indispensável tanto para prevenir como para o controle da doença. Tirando o tipo 1, para o qual ainda não há evidências científicas comprovadas acerca da prevenção, as demais apresentações são evitáveis. Independentemente de qualquer coisa, sempre é uma boa hora para rever o estilo de vida e mudar hábitos, começando por eliminar os fatores de risco, como sobrepeso, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo.

Todos sabemos que uma alimentação saudável e balanceada (rica em frutas, verduras e legumes) e a prática de atividades físicas devem ser uma prioridade. Entretanto, a mentalidade voltada à prevenção também está ligada a um processo multidisciplinar que envolve o engajamento de diversos especialistas, tais como clínico geral, endocrinologista, nutricionista, entre outros. Algo que não se faz em uma consulta, mas sim ao longo de um trabalho constante de conscientização e acompanhamento.

A realização de exames periódicos também é fundamental para um tratamento mais eficaz e preciso. Isto porque, como dito anteriormente, caso haja o diagnóstico na fase de pré-diabetes - quando o nível de glicemia está alto, mas não o bastante para ser considerado diabetes - existem tratamentos que impedem a doença de aparecer.

O diabético pode ou não comer doces?

Seria esta a pergunta de milhões? Absolutamente, não. Como já dissemos, não passa de um mito dizer que comer doces causa diabetes. Por outro lado, é muito comum encontrar quem acredita na prevenção e no tratamento da doença baseado apenas em cortar os doces e alimentos açucarados da dieta. Certamente, é preciso fazer algumas adaptações na alimentação, mas isso por si só não é uma condição. No dia a dia, a recomendação é que o diabético coma com moderação para manter o controle sobre a doença.

A bem da verdade, aqui vale a máxima: tudo em exagero faz mal. Portanto, passar anos sobrecarregando o pâncreas com o consumo excessivo de açúcar baixa a produção de insulina ou desenvolve resistência a ela, sobretudo em quem tem propensão genética. Mas, com consciência, nada é proibido. Aliás, no tratamento de doenças, a inclusão, a exclusão e a restrição de alimentos deve ser orientada por um nutricionista que irá avaliar caso a caso.

Não deixe para amanhã o cuidado com seu bem mais precioso: a saúde. Sem ela, não conseguimos fazer nada e ficamos à deriva. Mesmo que a agenda esteja cheia, vale a pena reservar um tempo para aquela ida ao consultório do seu médico de família. Seja para fazer um check up ou alguma queixa, ele é o profissional perfeito para orientar sobre a prevenção do diabetes e outras doenças. Caso o diagnóstico venha, não há motivo para se desesperar: nada que uma ótima equipe multidisciplinar, como a que compõe o rol da Hapvida Clinipam, não supere junto com você. Saiba mais sobre nossos planos acessando aqui.